quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trabalhadoras e trabalhadores da Unicamp defendem Mario Bigode

Nosso incansável militante

Mário Martins de Lima,o Mário Bigode, funcionário da Unicamp há 30 anos, sempre esteve envolvido em todas as greves, em todas as lutas dentro dessa universidade , independente de qualquer que fosse a tendência política que estivesse a frente da diretoria do sindicato. Defensor do serviço público, da universidade pública e sobretudo dos servidores públicos, seja nas reivindicações salariais, seja contra o assédio moral praticado diariamente por chefias, que agem com seus subordinados como se estes fossem seus empregados particulares, seja denunciando irregularidades no serviço público, como deve ser o papel de todo servidor público, orientado pelo sindicato.

Diante da situação absurda desse companheiro de luta estar sendo acusado pela diretoria de nosso sindicato de racista e machista, numa total inversão de papéis, onde aquele que sempre defendeu os trabalhadores, fossem homens , mulheres, brancos ou negros, ser colocado como algoz em uma uma greve que dura mais 40 dias estando aqui em evidência motivos políticos, disputa política. Esse nosso militante durante todos os dias dessa greve enfrentou a burocracia sindical a que estamos submetidos, lutou contra um sindicato que em todos os momentos tenta manobras para que a luta de fato não seja encaminhada, luta para que o boletim não reflita a indignação dos servidores diante da quebra da isonomia e sim tenta nos empurrar uma falsa vitória, falsas conquistas, quando sabemos a tragédia que paira sobre nossas cabeças enquanto servidores públicos, com a terceirização imperando dentro da Unicamp, onde uma firma particular tem mais poder que um diretor de unidade, com os reitores criminalizando uma greve que ainda não havia sido deflagrada. Esse nosso militante vociferou durante todos esses dias contra essa prática da diretoria do sindicato dos trabalhadores da Unicamp, diretoria essa que responde com acusações caluniosas de racismo e machismo, por isso vimos a público, funcionários do IFCH e outras unidades defender o companheiro Mário, como ele faria com qualquer um de nós.

Gostaríamos de narrar alguns episódios de luta e enfrentamento cotidiano, travado por esse companheiro em seus últimos anos de militância, muitas vezes solitária dentro do IFCH. Incansável militante que reage diante de toda e qualquer situação de injustiça, humilhação e exploração de seus colegas de trabalho ou mesmo de companheiros de luta , como são os estudantes.

Nos anos 90, durante a gestão dos professores João Quartim de Moraes e Armando Boito Jr., nosso companheiro Mário se indigna e debate com os funcionários a condição absurda que estava submetida a nossa então copeira, ainda não terceirizada, Dona Maria, que com saúde debilitada era obrigada a subir ao segundo andar onde se localizava a cozinha. Apenas uma pequena vontade política, sem muito ônus para o instituto, resolveria a questão, mas foi preciso, reunir funcionários, discutir, convencer de que era possível com uma simples transferência da cozinha para o piso inferior acabar com o sofrimento diário de uma servidora, mulher, com idade avançada, cardíaca. A luta foi feita e foi ganha.

Nessa mesma gestão esse incansável militante enfrentou a ira dos diretores com sede de punição às funcionárias que, ocupando cargo de confiança, participaram de uma greve, onde foi encaminhado todo o trabalho que a comissão de ética havia aprovado como essencial. Ao final da greve veio a punição e lá estava o Mário, organizando os funcionários para que fizéssemos a defesa e se não conseguíssemos, reverter as punições. Ou pelos menos a denúncia seria feita, e assim, durante um seminário que reunia vários marxistas no IFCH, entramos em silêncio com nossas faixas, denunciando as perseguições de estudiosos de movimentos sociais aos trabalhadores grevistas.

O Mário foi o único funcionário do IFCH que enfrentou chefes, professores e diretores para denunciar, mostrar, pedir que já que não conseguimos lutar contra a terceirização que pelos menos seja dado condições dignas as trabalhadoras, mulheres, negras que são submetidas a serviços indgnos, como vimos, obrigadas a esfregar paredes imundas, emboloradas, sem pintura há mais de 30 anos, ajoelhadas no chão. O Mário foi o único funcionário que tomou pela mão o diretor do arquivo para mostrar a situação indigna e humilhante de semiescravidão, ao que ele mandou que parasse imediatamente. Foi o único funcionário que defendeu a funcionária Marineide Barbosa, Funcamp, com problemas sérios na coluna, adquiridos por ter trabalhado anos na faxina, antes que a terceirização se instalasse completamente, e que trabalhou muitas vezes chorando de dor. Foi o Mário o único que chamou a chefia e a direção do instituto para que tomassem providências junto a outras funcionárias, onde haviam também mulheres e negras para que não deixassem o serviço pesado para alguém com problemas de saúde e que hoje infelizmente nos faz muita falta por ter sido demitida, mesmo estando grávida. Foi esse incansável militante que lutou incondicionalmente, contra o assédio moral, ocorrido dentro do AEL, por chefias que acreditavam que cargos lhes dão a prerrogativa de controlar o que o funcionário pensa, em quem vota, pra onde olha, com quem almoça, com quem se relaciona em seu ambiente de trabalho. Defende e defendeu todas e todos funcionários perseguidos após um término de uma greve.

Para não esquecer de nossos companheiros de lutas, os estudantes. Lutou com eles e por eles, quando dentro do arquivo, após o término de uma greve uma chefia achou oportuno que estudantes com bolsa trabalho fizessem a reposição dos dias de nossa greve, que nem mesmo nós havíamos reposto, uma vez que nem julgada foi, chefes que querem ter mais poder que o próprio reitor , que na ocasião, não descontou dias de nenhum grevista, e lá estava o Mário para infortúnio dos ‘responsáveis’ em defesa dos estudantes, diante de um fato surreal, estudantes repondo dias de greve de funcionários, o que após inúmeros argumentos com a direção, ordenou que parasse tal absurdo.

É aliado a eles que o Mário luta diariamente contra a terceirização, seja a escravidão impostas a essas mulheres brancas e negras que não podem nem sequer conversar com os estudantes, que não podem faltar nem com atestado médico, pois perdem a minguada cesta básica que complementa seus míseros salários. Em 2007 os nossos aliados, os estudantes tomaram o IFCH em barricadas, contra os decretos do governador Serra, em defesa do instituto, pela abertura de concurso para funcionários e professores, era um última recurso para que os professores parassem para discutir o caos que estava e está nosso instituto. Ao chegarmos no IFCH em maio de 2007, ficamos atônitos, todas as entradas estavam intransponível, as salas de aula estavam vazias, pois as cadeiras bloqueavam todas as entradas, ficamos perplexos sem saber o que fazer.

Lá estava esse incansável militante, nos dando a direção: “Não vamos fazer papel de polícia, não podemos fazer barricadas, pois contra nossa cabeça existe uma comissão processante, sempre desejando nos processar, só nos resta apoiar, enquanto eles mantiverem as barricadas, nós não entramos, a nós não cabe ir contra os estudantes, já que eles aqui nos defende, luta pela abertura de concurso e contra a terceirização.”

Conduziu a greve de apoio aos estudantes, única que já houve nessa universidade, conduziu até o fim, mesmo sem o apoio da diretoria do sindicato.

Questiona todo prejuízo causado ao instituto pelas firmas terceirizadas, questiona todo o mal uso do dinheiro público, todo desperdício de recursos públicos, papel de todo servidor , inclusive e principalmente da diretoria do sindicato.

Nosso incansável militante está prestes a se aposentar, poderia como tantos pensar em ficar bem longe do trabalho, bem longe da Unicamp, mas não, está envolvido visceralmente com todas nossas mazelas do dia a dia: terceirização, falta de funcionário, quebra da isonomia, assédio moral etc… defende incansavelmente em todos os lugares, em todas as reuniões, assembléias, comissões, com alunos, professores e funcionários a luta pela abertura de concurso, pois somos espécie em extinção, e sobretudo o concurso de fato público, sem entrevista, pois se houver, essa será para fazer valer a vontade do entrevistador, onde prevalecerá a discriminação e o preconceito, onde provavelmente não serão aprovadas mulheres, negras, grávidas e se for , será em uma classificação que nunca serão convocadas.

Ao nosso incansável militante pedimos que fale, que discurse, que grite a plenos pulmões , aos brados, aos quatro cantos, pela defesa do serviço e do servidor público, seja qual for seu sexo, sua raça, sua cor.


Assinam esse documento, até o momento

Funcionários:
1.Maria Dutra de Lima - IFCH
2.Benedito Gambetto – IFCH
3.Marcílio César de Carvalho - IFCH
4.Fabrício Angel Nardi - IFCH
5.Elaine Luiza Pereira – IFCH
6.Maria Lima – IFCH
7.Paulo Roberto de Oliveira – IFCH
8.Fabio Guzzo – IFCH
9.Nilton Betanho – IFCH
10.Carolina Ap. Macedo – IFCH
11.Luis Carlos Oliveira - IFCH
12.Irene H.H. Matssusato – IFCH
13.Marli de F. Rodrigues Reis – IFCH
14.Sonia B. M. Cardoso - IFCH
15.Maria Aparecida Vieira Pereira - IFCH
16.Maria Teresa Sousa Silva - IFCH
17.Isabel Cristina Maia – IFCH
18.Roberta de Moura Botelho – IEL
19.Patrícia Cano Saad – IEL
20.Renata Lopes Prates – FEA
21.Isabela - BC
22.Marcelo Rocco - IFCH
23.Cristina F. Faccioni IFCH
24.Elizabeth Solange IFCH
25.Maria Rita Gandona IFCH
26.Emerson Marques IFCH
28.Eliana Sumi DGA
29.Geraldo Witeze Jr DGA
30.Gustavo Henrique Sampaio DGA

Um comentário: