quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trabalhadoras e trabalhadores da Unicamp defendem Mario Bigode

Nosso incansável militante

Mário Martins de Lima,o Mário Bigode, funcionário da Unicamp há 30 anos, sempre esteve envolvido em todas as greves, em todas as lutas dentro dessa universidade , independente de qualquer que fosse a tendência política que estivesse a frente da diretoria do sindicato. Defensor do serviço público, da universidade pública e sobretudo dos servidores públicos, seja nas reivindicações salariais, seja contra o assédio moral praticado diariamente por chefias, que agem com seus subordinados como se estes fossem seus empregados particulares, seja denunciando irregularidades no serviço público, como deve ser o papel de todo servidor público, orientado pelo sindicato.

Diante da situação absurda desse companheiro de luta estar sendo acusado pela diretoria de nosso sindicato de racista e machista, numa total inversão de papéis, onde aquele que sempre defendeu os trabalhadores, fossem homens , mulheres, brancos ou negros, ser colocado como algoz em uma uma greve que dura mais 40 dias estando aqui em evidência motivos políticos, disputa política. Esse nosso militante durante todos os dias dessa greve enfrentou a burocracia sindical a que estamos submetidos, lutou contra um sindicato que em todos os momentos tenta manobras para que a luta de fato não seja encaminhada, luta para que o boletim não reflita a indignação dos servidores diante da quebra da isonomia e sim tenta nos empurrar uma falsa vitória, falsas conquistas, quando sabemos a tragédia que paira sobre nossas cabeças enquanto servidores públicos, com a terceirização imperando dentro da Unicamp, onde uma firma particular tem mais poder que um diretor de unidade, com os reitores criminalizando uma greve que ainda não havia sido deflagrada. Esse nosso militante vociferou durante todos esses dias contra essa prática da diretoria do sindicato dos trabalhadores da Unicamp, diretoria essa que responde com acusações caluniosas de racismo e machismo, por isso vimos a público, funcionários do IFCH e outras unidades defender o companheiro Mário, como ele faria com qualquer um de nós.

Gostaríamos de narrar alguns episódios de luta e enfrentamento cotidiano, travado por esse companheiro em seus últimos anos de militância, muitas vezes solitária dentro do IFCH. Incansável militante que reage diante de toda e qualquer situação de injustiça, humilhação e exploração de seus colegas de trabalho ou mesmo de companheiros de luta , como são os estudantes.

Nos anos 90, durante a gestão dos professores João Quartim de Moraes e Armando Boito Jr., nosso companheiro Mário se indigna e debate com os funcionários a condição absurda que estava submetida a nossa então copeira, ainda não terceirizada, Dona Maria, que com saúde debilitada era obrigada a subir ao segundo andar onde se localizava a cozinha. Apenas uma pequena vontade política, sem muito ônus para o instituto, resolveria a questão, mas foi preciso, reunir funcionários, discutir, convencer de que era possível com uma simples transferência da cozinha para o piso inferior acabar com o sofrimento diário de uma servidora, mulher, com idade avançada, cardíaca. A luta foi feita e foi ganha.

Nessa mesma gestão esse incansável militante enfrentou a ira dos diretores com sede de punição às funcionárias que, ocupando cargo de confiança, participaram de uma greve, onde foi encaminhado todo o trabalho que a comissão de ética havia aprovado como essencial. Ao final da greve veio a punição e lá estava o Mário, organizando os funcionários para que fizéssemos a defesa e se não conseguíssemos, reverter as punições. Ou pelos menos a denúncia seria feita, e assim, durante um seminário que reunia vários marxistas no IFCH, entramos em silêncio com nossas faixas, denunciando as perseguições de estudiosos de movimentos sociais aos trabalhadores grevistas.

O Mário foi o único funcionário do IFCH que enfrentou chefes, professores e diretores para denunciar, mostrar, pedir que já que não conseguimos lutar contra a terceirização que pelos menos seja dado condições dignas as trabalhadoras, mulheres, negras que são submetidas a serviços indgnos, como vimos, obrigadas a esfregar paredes imundas, emboloradas, sem pintura há mais de 30 anos, ajoelhadas no chão. O Mário foi o único funcionário que tomou pela mão o diretor do arquivo para mostrar a situação indigna e humilhante de semiescravidão, ao que ele mandou que parasse imediatamente. Foi o único funcionário que defendeu a funcionária Marineide Barbosa, Funcamp, com problemas sérios na coluna, adquiridos por ter trabalhado anos na faxina, antes que a terceirização se instalasse completamente, e que trabalhou muitas vezes chorando de dor. Foi o Mário o único que chamou a chefia e a direção do instituto para que tomassem providências junto a outras funcionárias, onde haviam também mulheres e negras para que não deixassem o serviço pesado para alguém com problemas de saúde e que hoje infelizmente nos faz muita falta por ter sido demitida, mesmo estando grávida. Foi esse incansável militante que lutou incondicionalmente, contra o assédio moral, ocorrido dentro do AEL, por chefias que acreditavam que cargos lhes dão a prerrogativa de controlar o que o funcionário pensa, em quem vota, pra onde olha, com quem almoça, com quem se relaciona em seu ambiente de trabalho. Defende e defendeu todas e todos funcionários perseguidos após um término de uma greve.

Para não esquecer de nossos companheiros de lutas, os estudantes. Lutou com eles e por eles, quando dentro do arquivo, após o término de uma greve uma chefia achou oportuno que estudantes com bolsa trabalho fizessem a reposição dos dias de nossa greve, que nem mesmo nós havíamos reposto, uma vez que nem julgada foi, chefes que querem ter mais poder que o próprio reitor , que na ocasião, não descontou dias de nenhum grevista, e lá estava o Mário para infortúnio dos ‘responsáveis’ em defesa dos estudantes, diante de um fato surreal, estudantes repondo dias de greve de funcionários, o que após inúmeros argumentos com a direção, ordenou que parasse tal absurdo.

É aliado a eles que o Mário luta diariamente contra a terceirização, seja a escravidão impostas a essas mulheres brancas e negras que não podem nem sequer conversar com os estudantes, que não podem faltar nem com atestado médico, pois perdem a minguada cesta básica que complementa seus míseros salários. Em 2007 os nossos aliados, os estudantes tomaram o IFCH em barricadas, contra os decretos do governador Serra, em defesa do instituto, pela abertura de concurso para funcionários e professores, era um última recurso para que os professores parassem para discutir o caos que estava e está nosso instituto. Ao chegarmos no IFCH em maio de 2007, ficamos atônitos, todas as entradas estavam intransponível, as salas de aula estavam vazias, pois as cadeiras bloqueavam todas as entradas, ficamos perplexos sem saber o que fazer.

Lá estava esse incansável militante, nos dando a direção: “Não vamos fazer papel de polícia, não podemos fazer barricadas, pois contra nossa cabeça existe uma comissão processante, sempre desejando nos processar, só nos resta apoiar, enquanto eles mantiverem as barricadas, nós não entramos, a nós não cabe ir contra os estudantes, já que eles aqui nos defende, luta pela abertura de concurso e contra a terceirização.”

Conduziu a greve de apoio aos estudantes, única que já houve nessa universidade, conduziu até o fim, mesmo sem o apoio da diretoria do sindicato.

Questiona todo prejuízo causado ao instituto pelas firmas terceirizadas, questiona todo o mal uso do dinheiro público, todo desperdício de recursos públicos, papel de todo servidor , inclusive e principalmente da diretoria do sindicato.

Nosso incansável militante está prestes a se aposentar, poderia como tantos pensar em ficar bem longe do trabalho, bem longe da Unicamp, mas não, está envolvido visceralmente com todas nossas mazelas do dia a dia: terceirização, falta de funcionário, quebra da isonomia, assédio moral etc… defende incansavelmente em todos os lugares, em todas as reuniões, assembléias, comissões, com alunos, professores e funcionários a luta pela abertura de concurso, pois somos espécie em extinção, e sobretudo o concurso de fato público, sem entrevista, pois se houver, essa será para fazer valer a vontade do entrevistador, onde prevalecerá a discriminação e o preconceito, onde provavelmente não serão aprovadas mulheres, negras, grávidas e se for , será em uma classificação que nunca serão convocadas.

Ao nosso incansável militante pedimos que fale, que discurse, que grite a plenos pulmões , aos brados, aos quatro cantos, pela defesa do serviço e do servidor público, seja qual for seu sexo, sua raça, sua cor.


Assinam esse documento, até o momento

Funcionários:
1.Maria Dutra de Lima - IFCH
2.Benedito Gambetto – IFCH
3.Marcílio César de Carvalho - IFCH
4.Fabrício Angel Nardi - IFCH
5.Elaine Luiza Pereira – IFCH
6.Maria Lima – IFCH
7.Paulo Roberto de Oliveira – IFCH
8.Fabio Guzzo – IFCH
9.Nilton Betanho – IFCH
10.Carolina Ap. Macedo – IFCH
11.Luis Carlos Oliveira - IFCH
12.Irene H.H. Matssusato – IFCH
13.Marli de F. Rodrigues Reis – IFCH
14.Sonia B. M. Cardoso - IFCH
15.Maria Aparecida Vieira Pereira - IFCH
16.Maria Teresa Sousa Silva - IFCH
17.Isabel Cristina Maia – IFCH
18.Roberta de Moura Botelho – IEL
19.Patrícia Cano Saad – IEL
20.Renata Lopes Prates – FEA
21.Isabela - BC
22.Marcelo Rocco - IFCH
23.Cristina F. Faccioni IFCH
24.Elizabeth Solange IFCH
25.Maria Rita Gandona IFCH
26.Emerson Marques IFCH
28.Eliana Sumi DGA
29.Geraldo Witeze Jr DGA
30.Gustavo Henrique Sampaio DGA

Carta de Apoio ao Mário (IFCH)

Na assembléia de funcionários, realizada no dia 21/junho (2ª feira), fomos expectadores de uma das cenas mais vexatórias e deprimentes vistas no cenário político da Universidade nos últimos anos. O “nosso” sindicato que por diversas vezes se posicionou contra a continuidade da greve, desta vez conseguiu se superar: levou para a Assembléia, numa clara tentativa de desarticular o movimento grevista e de desmoralizar um de seus líderes, uma denúncia de racismo e de assédio moral contra a jornalista do STU. O Companheiro Mário Bigode foi acusado após discutir com a jornalista sobre questões aprovadas pelo comando de greve que deveriam constar do boletim do sindicato.

Mário Martins de Lima, conhecido como Mário Bigode (agora sem bigode) é uma das figuras mais conhecidas em toda a Unicamp, e ele se destaca não somente pela retidão do seu caráter, como também pela veemência e às vezes até pela intransigência com que defende as suas convicções. Quem conhece o Mário Bigode não consegue imaginá-lo discutindo política serena e moderadamente com quem quer que seja: Diretores de Unidade, Chefias Imediatas, grupos de estudo ou de trabalho, Diretores do sindicato ou jornalista do STU.

O Mário se caracteriza por falar alto e de forma incisiva e quando defende uma posição política o faz com tanta paixão e veemência, que muitas vezes sua determinação pode ser confundida com arrogância, mas, nem mesmo os seus mais ferozes inimigos políticos ousam acusá-lo de preconceituoso, machista e racista. Isto porque ele construiu uma história de vida pública dentro e fora da Unicamp. Uma história que não começou ontem. Uma história que é escrita todos os dias com atitudes concretas que falam muito mais alto do que qualquer denúncia vazia. Quem conhece o Mário, pode até não gostar dele, mas, com certeza todos reconhecem o seu caráter incorruptível e a sua determinação na luta contra a opressão e o desrespeito que os trabalhadores, independente de raça ou gênero, sofrem no cotidiano das relações de trabalhos.

Nós, funcionários do IFCH, que convivemos com o Mário diariamente conhecemos a retidão do seu caráter, assistimos a sua batalha diária, muitas vezes solitária, quase suicida, na luta contra o sucateamento do serviço público, na defesa de melhores condições de trabalho para todos, inclusive e principalmente para os terceirizados, que são vitimas de um sistema opressor, que visa o lucro em detrimento do humano. Com o Mário, seja nas greves ou nas nossas lutas do dia-a-dia, estamos aprendendo a defender com dignidade os nossos direitos, os nossos salários e também, a “nossa” Universidade, para que ela se mantenha pública, gratuita e de qualidade.

Ainda que, em alguns momentos, tenha passado por nossas cabeças se tanta luta valeria à pena, agora, acredito que, tanto o Mário como todos que o conhecem, podem dizer com absoluta certeza que sim, valeu a pena lutar. Lutar por um ideal, por um sonho de igualdade, pela verdade e pela justiça. Há momentos em que não importa tanto se a luta será vitoriosa ou não, o importante é lutar, se fazer ouvir, registrar a sua indignação e se manter íntegro, de cabeça erguida. Nós aprendemos isso com o Mário e agora chegou o momento do retorno, precisamos deixar muito claro que não será tão simples assim destruir com palavras e acusações a integridade de um homem que tem uma vida inteira construída com coragem e honestidade. Como seria possível acreditar que o Mário, a pessoa que incansavelmente nos ensina e nos oferece instrumentos de luta contra toda e qualquer forma de opressão, seja o protagonista de uma cena de assédio moral e de preconceito racial?

Por último, gostaria imensamente que a comissão de caráter educativo constituída na Assembléia para discutir o assunto possa nos ajudar a identificar, de forma clara e objetiva, a diferença entre uma situação onde a pessoa realmente foi vitima de racismo e/ou assédio moral, de outra, onde a pessoa está apenas se utilizando de um instrumento legal para evitar o desconforto e o constrangimento natural, que qualquer profissional no exercício da sua função, independente de sua raça, sexo, condição sexual ou religião, estará sujeito a enfrentar após apresentar um trabalho executado de forma inadequada.


CHRIS COM O APOIO DOS COMPANHEIROS DO IFCH (23/06/2010)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Moção dos trabalhadores da USP de São Carlos

Moção de apoio a Mario Bigode

Durante a última semana uma série de fatos ocorreram na UNICAMP no sentido de desmoralizar o companheiro Mario Bigode, trabalhador da UNICAMP e grande ativista nas lutas a favor da Universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos, assim como por melhores condições de trabalho e de sociedade de forma geral, somando mais de 30 anos de engajamento intenso na militância política.

A Assembléia de trabalhadores da UNICAMP, por conhecer tal trajetória, reconheceu Mário como legítimo representante para realizar funções de comunicação junto ao Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP (STU), visto que sua presença nas tarefas de diálogo com a imprensa e de elaboração dos boletins do Sindicato foram, desde sempre, de grande valia para o movimento. Porém, essa sua tarefa vêm sendo autoritariamente tolhida nos tempos de greve, e esse trabalhador vêm sendo perseguido por causa de sua oposição, sempre baseada em decisões de Assembléia. Na assembléia dos trabalhadores da Unicamp de segunda-feira (21/06), este mesmo grupo autoritário tentou desqualificar o companheiro com graves acusações, tendo como objetivo tirar o mandato votado em Assembléia de participação no comando de greve, o que acabou por não ocorrer, pois a maioria dos presentes reafirmaram sua participação nesta instancia, por reconhecerem, como nós, sua importância e comprometimento nessas tarefas.
Reconhecemos a assembléia como um espaço legitimo de expressão de opiniões e posições, assim como a maior instancia de deliberações dos trabalhadores, devendo estas ser respeitadas e acatadas.

Por todos os motivos já citados e em defesa das deliberações da Assembléia dos Trabalhadores da UNICAMP, a assembléia dos trabalhadores da USP – São Carlos, realizada no dia 25 de Junho de 2010, considera a atitude do companheiro Mario Bigode coerente devido à demonstração de respeito à democracia e não merecedora de tais coibições.

Assembléia dos trabalhadores da USP – São Carlos

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Moção DCE-Unesp/Fatec

Moção de apoio a Mario Bigode

Durante a última semana uma série de fatos ocorreram na UNICAMP no sentido de desmoralizar o companheiro Mario Bigode, trabalhador da UNICAMP e grande ativista nas lutas a favor da Universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos, assim como por melhores condições de trabalho e de sociedade de forma geral, somando mais de 30 anos de engajamento intenso na militância política.

A Assembléia de funcionários da UNICAMP, por conhecer tal trajetória, reconheceu Mário como legítimo para realizar funções de comunicação junto ao Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP (STU), visto que sua presença nas tarefas de diálogo com a imprensa e de elaboração dos boletins do Sindicato foram, desde sempre, de grande valia para o movimento. Porém, essa sua tarefa vêm sendo autoritariamente tolhida nos tempos de greve, e esse trabalhador vêm sendo perseguido por causa de sua oposição, sempre baseada em decisões de Assembléia. Na assembléia dos trabalhadores da Unicamp de segunda-feira (21/06), este mesmo grupo autoritário tentou desqualificar o companheiro com graves acusações, tendo como objetivo tirar o mandato votado em Assembléia de participação no comando de greve, o que acabou por não ocorrer, pois a maioria dos presentes reafirmaram sua participação nesta instancia, por reconhecerem, como nós, sua importância e comprometimento nessas tarefas.

Reconhecemos a assembléia como um espaço legitimo de expressão de opiniões e posições, assim como a maior instancia de deliberações dos trabalhadores, devendo estas ser respeitadas e acatadas.

Por todos os motivos já citados e em defesa das deliberações da Assembléia dos Trabalhadores da UNICAMP, consideramos a atitude do companheiro Mario Bigode louvável devido à demonstração de respeito à democracia e não merecedora de tais coibições.

Todo apoio à construção de uma oposição ao STU!

Diretório Central dos Estudantes da UNESP e da FATEC

Apoio de funcionária da Creche da Unicamp

CARTA DE APOIO AO COMPANHEIRO MÁRIO BIGODE

Eu, Maria de Fátima (Fafá), funcionária da Creche da Unicamp (CECI), que conheço e admiro o caráter incorruptível do Companheiro Mário Martins de Lima, quero expressar meu repúdio à nota do STU que o acusa de forma mentirosa e inescrupulosa de racismo e machismo. A nota em questão nos mostra, mais uma vez, que interesses políticos podem ser colocados acima da verdade.

O sindicato usou de manobras sórdidas para tentar destruir a imagem de um homem íntegro e corajoso, que tem uma história de luta de mais de 30 anos em defesa de mulheres e homens, negros e brancos, dentro e fora da Unicamp. O Mário sempre lutou por uma Universidade pública, gratuita e de qualidade, defendendo incansavelmente os trabalhadores não somente nos momentos de greve. Luta cotidianamente contra a terceirização e a exploração dos trabalhadores, na sua grande maioria mulheres oprimidas pelo sistema e por suas chefias imediatas.

Na creche conhecemos o Mário Bigode, não somente como companheiro de luta, nos conscientizando dos nossos direitos e nos apoiando com idéias e propostas, buscando a valorização e o reconhecimento do nosso trabalho, como também, tivemos a oportunidade de conhecê-lo como pai, sempre carinhoso com o filho, presente e participativo em todas as atividades. Com relação às funcionárias da creche, sempre nos tratou com respeito e cordialidade.

Seu jeito vibrante de expressar suas convicções sempre causou admiração, mas muitas vezes também o fez vitima de perseguições e repressões, mas isso nunca foi motivo para que ele se calasse ou se omitisse diante da injustiça e da opressão.

Uma das lições que aprendi com o Mário Bigode foi que não devemos nos calar diante das injustiças, nem ignorar ou compactuar, por conveniência ou comodismo, com situações criadas com o propósito de destruir e desmoralizar o “inimigo político”.

Quero ressaltar que o Companheiro Mário sempre poderá contar com o meu apoio na sua luta por uma sociedade mais justa e humana.

Maria de Fátima Ferreira Morais
Professora de Educação Infantil/CECI

Apoio de Val Lisboa do Jornal Palavra Operária

Caro Mario,
o conheço há poucos meses, mas sinto que sua carta e a defesa que muitas mulheres e homens honestos e combativos fazem de você contra mais uma calúnia estalinista são a prova de que meus instintos de consideração por um velho militante classista e revolucionário, que enfrentou corajosamente a ditadura militar, sem se entregar, e segue enfrentando a "democracia dos ricos", sem atravessar o Rubicão, têm base real. Ser caluniado e perseguido por ex-estalinistas (antes estavam atrelados a um estado burocratizado por uma casta que extraia seus privilégios da revolução operária)que agora não passam de agentes burgueses diretos (estão no governo capitalista, atacam a classe operária e a massa camponesa e pobre, atrelam os sindicatos e organizações operárias, estudantis e democráticas aos interesses da conciliação com a nefasta burguesia brasileira e os monopólios internacionais), financiados pelas grandes empreiteiras como Andrade Gutierreza, Camargo Correa e Cia., tendo em seu principal parlamentar (deputado federal Aldo Rebelo)a figura do agente dos desmatadores de florestas, dos latifundiários, dos destruidores do meio ambiente, por haver sido o relator do Código Florestal negociado diretamente com o agronegócio, transformando um ex-comunista (estalinista, que seja) num lobbista do agronegócio e dos monopólios capitalistas. Siga em frente, querido Mario, pois você faz parte da tradição dos revolucionários, como Trotsky e os trotskistas, que não se entregaram nem à burguesia, nem ao Estado burguês, nem ao imperialismo, sustentando a esperança de um futuro livre da opressão capitalista, portanto, livre do racismo e da opressão das mulheres e minorias. O futuro nos pertence. Aos coveiros da revolução (como Trotsky acertadamente nominava os estalinistas) seguiremos lado a lado com a classe operária e todos os verdadeiros democratas (anticapitalistas, portanto) para defender os interesses das massas, intransigentemente, seja contra as botas das ditaduras militares ou os cantos-de-sereia da democracia burguesa (para os ricos, tudo, aos pobres e lutadores, a lei, isto é, a repressão e coerção, opressão, exploração e miséria).Um forte abraço, de um amigo e camarada que muito tem a aprender com você.
VAL LISBOA

Deixe seu apoio ou recado ao Mario Bigode do AEL

Deixe nos comentários o seu relato ou apoio ao Mario Bigode do AEL/Unicamp. Se quiser, pode também enviar um email para mariobigode40anosdeluta@gmail.com.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Apoio de Mario Augusto Medeiros

Pelo Mário, sempre.

Recebi, nesta segunda-feira, mensagens do meu velho amigo Mário Martins, mais conhecido por todos como Mário Bigode. Pedia-me apoio, pois fora acusado de ser machista, racista, preconceituoso. Não acreditei. Li diversas vezes as mensagens, as explicações publicadas na internet. Continuo não acreditando.

Não tenho nenhum problema em afirmar que sou amigo, reconhecido como amigo (e me orgulho disso) de Mário Bigode. Há dez anos que nos conhecemos e nos encontramos. Trocamos ideias, discutimos - muitas vezes duramente - os assuntos mais variados. Nem sempre concordamos. Contudo, sempre nos respeitamos e continuamos amigos.

E eu que sou negro, autoreferenciado e indubitavelmente negro, receber uma carta afirmando que meu velho amigo seria racista é, no mínimo, chocante.

Mário Bigode sempre colocou em pauta, em todos esses anos que convivemos, a discussão sobre os trabalhadores no serviço público. Em particular, dos servidores públicos negros e negras, que entraram na Unicamp, por concurso, na década de 1980. Que compuseram os quadros mais variados do serviço na Universidade, especialmente no IFCH e no AEL (em que ele e eu atuamos). E que têm diminuído drasticamente, junto com o quadro dos funcionários mais geral da Universidade.

Mário Bigode foi quem me chamou atenção, muitos anos atrás, para a importância que tiveram os concursos públicos, décadas atrás, sem entrevistas, para a entrada de homens e mulheres negros na carreira do serviço público universitário. E da necessidade de defender, sempre, o serviço e concurso público, sem entrevistas, como forma de combate ao preconceito e discriminação étnico-raciais.

No Ael, onde se encontravam anos atrás o maior contingente de funcionários negros do IFCH, vi não poucas vezes Mário Bigode defender seus colegas e lutar com eles pela melhoria das condições de trabalho. A carta escrita e assinada por funcionários do IFCH, em sua defesa, não me deixa mentir.

Com ele discuti diversas vezes os mais diferentes aspectos da produção política e cultural negra no Brasil, por serem temas que nos interessam. Com ele aprendi muito sobre isso, especialmente por sua visão angulada do ponto dos trabalhadores, homens e mulheres anônimos, com quem conviveu. Negros, a maior parte, senão todos.

Acho que é desnecessário me alongar. Segue valendo o que o que escrevi sobre o Mário, meses atrás, em outro texto:

Com Mário Martins o debate é sempre franco, aberto, sem meandros, direto. Olho no Olho. Idéia com idéia, contra idéia outra idéia. Em voz alta, sem sussurros, sem modulação menor. Alguns dos seus interlocutores não concordam com o tom, melindram. Eu já discuti muitas vezes com meu xará. Já disse e ouvi coisas ásperas. E isso nunca me fez perder o respeito ou perder o seu respeito. Idéia com idéias, idéias contra idéias.
CONTRA UM TEXTO, OUTRO TEXTO. FRANCAMENTE. DIRETAMENTE. DEMOCRATICAMENTE.

Pelo Mário Martins, o Mário Bigode, Sempre.

Mário Augusto Medeiros da Silva (estudante de doutorado no IFCH).

Comando de Greve dos Trabalhadores da USP apoia Mário

Solidariedade ao companheiro Mário Bigode

O Comando de Greve dos Trabalhadores e Trabalhadoras da USP vem a público manifestar sua solidariedade e defesa do companheiro Mário Martins Bigode que foi acusado através de uma calúnia de ter cometido machismo e racismo contra uma funcionária do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, apenas por defender que as resoluções aprovadas em assembléia de trabalhadores fossem devidamente publicadas no boletim do Sindicato. Saudamos os trabalhadores que em assembléia geral defenderam a permanência de Mário na Comissão de Imprensa a qual foi eleito também em assembléia, e aproveitamos o momento para agradecer a estes mesmos trabalhadores que nos defenderam quando o STU acusou os trabalhadoes da USP de terem ocupado de forma isolada a Reitoria da Unicamp. Por fim, rechaçamos o método da calúnia utilizado pelo PCdoB através de seus sindicatos para impedir a organização de oposições combativas e classistas que se forjam necessariamente em contraposição a burocracia que hoje dirige o STU.

Comando de Greve dos Trabalhadores e Trabalhadoras da USP
22 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ato-Debate de quinta-feira, 24/06




Nota do grupo de mulheres Pão e Rosas

Pão e Rosas Campinas em defesa do lutador Mário Bigode! Pela luta independente dos governos, patrões e da burocracia, contra toda forma de opressão!



Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas Campinas estamos presentes ativamente na luta da(o)s trabalhadora(e)s das universidades estaduais paulistas contra os ataques do governo do Estado através de seus reitores, em defesa do direito democrático de greve, pela isonomia salarial e neste momento travando uma grande luta pelo pagamento dos cortes de ponto na USP que deixaram mais de 1000 famílias sem salário no último mês. Construímos esta luta, pois partimos da compreensão de que toda luta contra a opressão é uma luta de toda a classe trabalhadora contra o sistema capitalista. A universidade expressa todas as contradições de classe do capitalismo, sendo uma delas a opressão às mulheres, assim como seu caráter elitista e racista. As opressões contra nós, mulheres, se manifestam desde as salas de aula com o silêncio sobre a história das mulheres, sobretudo as lutadoras, como também com os assédios morais contra estudantes e trabalhadoras, estupros e assédios sexuais dentro das universidades e moradias, falta de creches e moradias para mães estudantes continuarem seus estudos, assim como a opressão contra as mulheres negras terceirizadas, em cada canto desta universidade. Esta forma de trabalho usada pela burguesia e pela burocracia acadêmica para reduzir seus gastos às custas, principalmente do trabalho feminino, precariza e rebaixa os salários, com contratos temporários, condições humilhantes de trabalho, para dividir a classe trabalhadora enfraquecendo sua organização e luta contra os patrões e governos.


Nesta universidade (UNICAMP), a direção do sindicato dos trabalhadores (STU) dirigido pelo PCdoB, partido governista, que faz um discurso em defesa da(o)s trabalhadora(e)s terceirizada(o)s, vem mostrando na prática que é à favor da precarização, e não está disposta a levar adiante uma luta conseqüente pela efetivação sem concurso público dessa(e)s trabalhadora(e)s superexplorados e assim mostrando claramente ser contra a unidade das fileiras operárias. Além disso, não mede esforços para usar métodos sórdidos para condenar aqueles que se colocam em defesa dos setores mais explorados da sociedade. Na última assembléia de trabalhadores da UNICAMP no dia 21/06, o trabalhador Mário Martins de Lima, mas conhecido como Mário Bigode, foi atacado pela direção do sindicato, acusado de machismo e racismo, por conta do relato escrito pela jornalista contratada pelo sindicato, aonde acusava Mário de agressão verbal por ela não ter fechado o boletim com as questões votadas pelo comando de greve. Mário foi votado na assembléia pelos trabalhadores para compor a comissão de imprensa que elaborava os boletins diários da greve e sempre cumpriu as tarefas de seu mandato em nome do que era deliberado nas assembléias. Nós, presenciamos no decorrer desta assembléia, denúncias de machismo utilizadas pela burocracia sindical (PCdoB) para manipular de forma oportunista a real discussão política que encobrem a atuação burocrática do sindicato, virando as costas ao companheiro lutador enquanto ele discorria sobre a real discussão política, ou seja, a necessidade dos boletins expressarem o conteúdo da luta dos trabalhadores e da importância de ser defendida a democracia operária contra as manobras da burocracia sindical e respeitadas as decisões dos trabalhadores em assembléias.


Nós, mulheres trabalhadoras e estudantes que lutamos ao lado da classe trabalhadora, por entendermos que a luta contra a opressão das mulheres é uma luta do conjunto da classe trabalhadora contra o capitalismo, consideramos que os problemas contra a opressão devam ser debatidos pelo movimento dos trabalhadores, para que todos avancem entendendo-se como parte de uma mesma classe, para lutarem juntos, e que para isto sejam utilizados os métodos da democracia operária. Defendemos que os sindicatos devem ser instrumentos de luta dos trabalhadores contra toda forma de opressão e exploração e para isso temos que combater os métodos da burocracia sindical, que neste caso, se utilizaram de elementos do feminismo burguês, (que discute a questão das mulheres apenas no marco da opressão de gênero) denunciando como principal inimigo das mulheres seu companheiro de luta, contribuindo assim para a divisão entre os trabalhadores e o enfraquecimento de sua luta. As mulheres precisam se organizar de forma independente dos patrões, do governo e da burocracia, pois estes são freios para a organização das mulheres trabalhadoras, pois quando falam sobre a opressão é para se utilizar de forma oportunista criminalizando algum companheiro e não para travar um debate que possa fazer avançar o conjunto da classe trabalhadora e retomar sua unidade.


Mário sempre foi um lutador contra todas as formas de opressão defendendo as demandas das mulheres e do povo pobre negro oprimido, defendendo uma universidade à serviço da classe trabalhadora aberta para toda a juventude negra e pobre, e hoje é um dos que mais a luta contra a terceirização que explora principalmente as mulheres, em especial as negras, defendendo a efetivação de todas as trabalhadoras terceirizadas pela reitoria e burocracia acadêmica. Além disso, ao lado do grupo Pão e Rosas, que impulsiona a campanha “Somos as Negras do Haiti”, exige a retirada imediata das tropas brasileiras e da ONU do Haiti, lideradas pelo governo Lula (apoiado pelo PcdoB), lutando contra a violência e estupros cometidos pelas tropas contras as mulheres negras haitianas.


Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas nos colocamos ao lado do trabalhador Mário Martins repudiando ferrenhamente o método espurco da burocracia do sindicato para desmoralizar este lutador e toda a política defendida por ele! Nos colocamos ao lado de toda(o)s lutadora(e)s contra a precarização, por uma universidade pública, de qualidade e livre de qualquer forma de opressão!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CARTA RESPOSTA DE MARIO BIGODE

Carta em resposta a calúnia do PCdoB contra Mario Bigode

Por: Mário Martins “Bigode”*
http://mariobigode40anosdeluta.blogspot.com
email: mariobigode40anosdeluta@gmail.com

Na semana passada a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), filiada ao PCdoB, começou a divulgar uma calúnia contra a minha pessoa referente a uma luta política que dei dentro das instâncias do sindicato e que envolvia uma simpatizante de seu partido e jornalista do sindicato. Na assembléia dos trabalhadores da Unicamp de ontem, segunda-feira (21/06), o PCdoB e o PT armaram um circo para me caluniarem taxando-me de machista e racista. Além de tentarem me desqualificar, tinham como objetivo me tirarem o mandato votado em assembléia de participação no comando de greve, o que acabou por não ocorrer, pois a maioria dos presentes ontem reafirmaram a minha participação nesta instancia.
Essa calunia foi armada em meio a uma das mais duras greves que nós, funcionários das três universidades estaduais paulistas, enfrentamos nestes últimos anos, e justamente quando, depois de muitos anos, surgiu na Unicamp embriões de oposições a esta diretoria sindical. Usam como instrumento de seus ataques uma carta escrita pela Jornalista do STU Fernanda de Freitas, em que esta me acusa levianamente de atitudes discriminatórias e ofensivas. Como ficará claro nesta minha carta, trata-se de uma luta política no qual eu estava cumprindo o meu dever delegado pela assembléia dos funcionários da Unicamp.
Portanto, escrevo esta carta para esclarecer os fatos e continuar minha luta contra a burocracia sindical e governista.


1. Porque a virulência da Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, ou seja, do PCdoB?

1. Há anos que me oponho à burocracia, ao imobilismo e à traição às reivindicações e movimentos dos trabalhadores. A Diretoria do sindicato que está aí há quase duas décadas finge encaminhar as lutas, mas na verdade quase nada faz e ataca quem a faz.
2. Nesta greve, no ato na Reitoria do dia 26 de junho, quando da ocupação do Conselho Universitário por parte dos funcionários e estudantes das três universidades estaduais paulistas, fui eu quem propôs uma nota de repúdio à traição da Diretoria do Sindicato, que abandonou os funcionários da Unicamp na frente da Reitoria. Esta nota, que foi aprovada por maioria absoluta da assembléia, repudiava a nota da Diretoria do STU que dedurou o Sintusp para a polícia, a reitoria e os jornais patronais como culpados pela ocupação da Reitoria.
3. Em todos os atos públicos continuei denunciando este papel nefasto da Diretoria do STU contra nosso movimento estadual de greve. E se os Reitores e o governo estadual atacam o Sintusp, esperava-se do STU a defesa deste importante sindicato de luta e não ser mais um a atacá-lo.
4. Fui eu também, nesta greve, a questionar o STU e a CTB, central a qual o STU é filiado, do porque que no meio de uma greve deslocaram vários militantes e recursos financeiros para um comício de cinco centrais sindicais no Pacaembu no dia 1 de junho para apoiar a candidatura de Dilma Roussef, transformando nossa justa greve em palco eleitoral.
5. Junta-se a isso minha crítica de décadas do papel do PCdoB no sindicato, que privilegia acordos de cúpula e com a Reitoria, e se ausenta das lutas cotidianas dos trabalhadores.
6. Por fim, não me cansarei de denunciar o PCdoB na diretoria do STU que jamais fez uma luta consequente contra a terceirização na universidade, processo que vem destruindo a nossa categoria. Esta ausência reflete sua posição corporativista de não defender estes trabalhadores precarizados que são na sua grande maioria mulheres e negras. Acaba, portanto, sendo conivente com esta superexploração.

Todos da Unicamp sabem que eu sempre lutei para que esta fosse a política central do STU. É um combate que devemos fazê-lo todos os dias, pois há humilhação a estes trabalhadores a ser combatida todos os dias, além das demissões a serem impedidas. Mas precisamos dar também uma resposta a estes trabalhadores terceirizados. Por isso que hoje eu defendo, igual à política do Sintusp, a luta pela incorporação imediata de todos estes funcionários no corpo da universidade. Mas o PCdoB, incrustado há décadas na Diretoria do STU, dorme no berço esplêndido da burocracia sindical, olhando o processo de precarização do trabalho na universidade passar.

Anos após anos faço tais denúncias sem muitas respostas por parte da diretoria do sindicato. Então, porque hoje o PCdoB orquestra este ataque contra mim, já que faz anos que critico este sindicato através do meu direito enquanto filiado? Foi justamente agora em que resolvi me organizar com outros trabalhadores e estudantes numa organização revolucionária, não sindicalista, que luta contra as burocracias sindicais e o governo traidor de Lula – o qual o PCdoB apóia e se beneficia de um Ministério e de vários cargos neste governo do PT - é que o PCdoB resolveu atacar, inventar denúncias para tentar apagar mais de 40 anos de lutas. Lutas contra a ditadura, os governos e contra os burocratas sindicais e os patrões.

2. Sempre lutei contra a burocracia sindical e continuarei lutando.

1. Desde 1988 defendo na Unicamp que num sindicato não burocrático e classista tem que ser os militantes aqueles que escrevem os seus boletins. Também defendo que é inconcebível ter jornalistas, gente de fora da luta e pagos pelo dinheiro dos associados, escrevendo textos que parecem diários oficiais das diretorias ou verdadeiros panfletos eleitorais e auto-promocionais. Defendi e defendo ainda que os boletins dos sindicatos não burocráticos e classistas devem expressar a luta dos trabalhadores e serem escritos pelos trabalhadores em luta, que devem se capacitar para isso, para expressar com fidelidade, vibração e entusiasmo as políticas e reivindicações que saem das reuniões, assembléias e comandos. Isso explica este ataque despolitizado que estes jornalistas do STU me fazem agora numa campanha orquestrada com a Diretoria do Sindicato.
2. Sobre a jornalista em questão, é importante deixar claro que ela mantém laços estreitos com o PCdoB, mesmo partido da maioria da diretoria do sindicato. Portanto, não se trata de uma funcionária qualquer, mas de uma militante política. Por isso não posso aceitar que ela utilize sua posição de “funcionária” do sindicato para dizer que apenas cumpria ordens. Essa situação evidencia a burocratização do STU. Todos sabemos que a estrutura sindical brasileira tem um forte atrelamento com o Estado e, pela via do imposto sindical, consegue manter uma camada de diretores “profissionais” que, em muitos casos, não possuem relação com a categoria. Mais, com esta estrutura, arranjam empregos para seus partidários.
3. Também faz parte de minha trajetória contra a burocracia sindical minha oposição a que sindicatos tenham um monte de serviços assistenciais, quando na minha concepção sindicato é para lutar e não substituir as repartições públicas fazendo convênios, prestando serviços e substituindo o Estado. Minha posição é que os sindicatos devem lutar todos os dias para unir os trabalhadores e fortalecer as suas lutas. Qualquer um notaria que um sindicato de luta não burocrático necessitaria de poucos ou nenhum funcionário.
4. Mas todos os sindicatos burocratizados têm muitos funcionários para servirem a interesses dos partidos que os aparelham. Isso é inaceitável!


3. A deformação dos fatos, um velho método stalinista.

É necessário ressaltar que a disputa em torno do Boletim do Sindicato deve-se ao fato de que anos após anos a vanguarda dos funcionários da Unicamp não concorda com a forma e conteúdo do boletim do sindicato. Durante a greve, esta vanguarda não tem confiança na fidelidade do que será publicado. Por exemplo, quando saiu o aumento diferenciado dos professores, por coincidência havia uma assembléia marcada no dia posterior. Esta decidiu que a luta central seria pela isonomia salarial. Porém, o boletim do STU que saiu no dia seguinte tinha apenas uma pequeníssima nota. A vanguarda dos funcionários ficou enfurecida! Mesmo assim, a questão da isonomia só veio a sair com destaque no boletim no meio da greve, mais de um mês após esta assembléia ocorrer. Ou seja, decisões de assembléia que não agradam a diretoria do sindicato são solenemente ignoradas no boletim.

E poderíamos dar inúmeros outros exemplos como este.

Portanto, foi devido a estes desrespeitos sistemáticos com a base dos trabalhadores que numa das primeiras assembléias desta greve eu fui indicado pelos próprios funcionários e aclamado na assembléia para fazer parte da Comissão do Boletim. O motivo desta indicação, sem que eu ao menos me propusesse, foi que sou conhecido há anos por combater a burocracia sindical e estas distorções.

Na carta divulgada pela jornalista Fernanda de Freitas, ela diz o seguinte sobre o boletim:

“Mario Bigode alegou que a matéria não poderia ser publicada no boletim do STU porque o mesmo só traria informações sobre a greve não devendo ser divulgado nada além da greve, ou que diz respeito à atuação da diretoria ou das ações do Sindicato.”

Esta foi uma decisão de assembléia da qual ela mesmo confirma em sua carta logo em seguida:

“Mario Bigode, em um tom muito alto, disse que já tinha dito isso muitas vezes e que, mesmo assim, eu continuava publicando matérias que não são da greve por desrespeito às deliberações do Comando de Greve.”

Em primeiro lugar, neste momento da nossa discussão não levantei o tom da minha voz. Isso só aconteceu quando, mesmo com a insistência do diretor Marcílio para que ela mudasse o boletim, ela se recusou a cumprir as decisões do comando de greve dizendo que não refaria o boletim. Neste trecho de sua carta a jornalista mais uma vez tenta transformar o embate político que tivemos numa questão de assédio, destacando o “tom muito alto”, quando que na verdade o que estava em jogo, e isso a própria carta da jornalista deixa claro quando a lemos com atenção, são as decisões do comando de greve. E um Comando de Greve, na minha concepção, é um comando de guerra contra os patrões.

A jornalista Fernanda de Freitas também afirma que Mário Bigode:

“entrou em contato com o diretor Marcílio Ventura onde fez um relado do problema e em alto e bom tom me chamou de mentirosa e desleal.”

Vamos esclarecer as verdades dos fatos, pois a jornalista inverte a ordem dos acontecimentos em seu texto. Primeiro: os textos decididos em Comando de Greve, cuja mesa era presidida pelo diretor Marcílio Ventura, foram levados ao sindicato às 11h30 e corrigidos entre eu e este diretor. Os textos eram: 1) uma Chamada para o Ato de 16 de junho, que o Comando deliberou que deveria ser um texto chamativo e com as palavras de ordem bem destacadas, proposta por uma companheira da educação; 2) um texto sobre a ocupação da USP que deveria mostrar que o reitor Rodas acenava para a negociação; 3) um texto narrando a grande vitória dos estudantes da Unesp de Marília contra a terceirização.

Quando fomos entregar os textos, eu e Marcílio, a jornalista disse que eles não caberiam pois o verso do boletim já estava diagramado por ela. Neste momento, o diretor Marcílio a convenceu que deveria rediagramar o boletim, pois era uma decisão do comando ter os três textos. É importante destacar que a jornalista não impôs qualquer objeção neste momento da discussão. Assim, crente que estava tudo certo, eu fui embora.

Depois de ter almoçado, zelando pela exigência do Comando e escaldado pela experiência de que os acordos várias vezes não foram cumpridos, retornei ao sindicato para ver o resultado final do Boletim. Foi neste momento que vi que a jornalista não só não tinha cumprido o que acordara comigo e Marcílio, como desfigurou os textos, fundindo dois de conteúdos diferentes num só, com letras minúsculas para caber na frente do boletim. Isso era exatamente o que o Comando tinha alertado para não acontecer. E, no verso do boletim, a nota de Marília ocupava um minúsculo espaço para que coubesse em dois terços da página o resultado da consulta para o Superintendente do Hospital, algo que ninguém nunca discutira no sindicato, no comando e nem na greve. Ou seja, uma matéria completamente desimportante que só nos faz pensar que tinha como objetivo ofuscar e diminuir a importância da greve e das nossas conquistas. Lembremos que neste momento a diretoria do Sindicato já tinha assumido uma posição contra a greve e vinha fazendo campanha contra ela nas unidades, mesmo sua posição sendo rechaçada em assembléia.

Foi neste momento que entrei em contato por telefone com o diretor Marcílio, muito nervoso, em altos brados, completamente indignado, relatando que a jornalista mentira para mim e tentara me enganar, fingindo concordar com tudo, mas fazendo outra coisa. Marcilio então, pediu para que o telefone fosse passado para a jornalista e aparentemente tenta convencê-la de readiagramar o boletim como tínhamos combinado. Aqui ela responda: “não farei, pois tenho que entregar às duas horas na gráfica e vai começar o jogo do Brasil”. Diante da recusa intransigente dela, virei as costas e fui embora.

Afirmo que em nenhum momento tive uma atitude discriminatória ou ofensiva com a jornalista Fernanda de Freitas. Como era meu dever de delegado da assembléia, apenas defendi – de forma exaltada frente às seguidas negativas da jornalista em realizar a deliberação do comando de greve - que o boletim expressasse o que havia sido votado no comando. No interior do Sindicato até a saída, com cada diretor que encontrei (Alice Cherubim, Margarida Barbosa e Afonso Celso Von Zuben), reclamei em alto e bom som que ela havia mentido para mim, tentando me enganar e que eu relataria isso ao comando e a assembléia, pois era o meu dever. No outro dia, vi que o Boletim saira completamente mal diagramado, com vários erros, apesar de manter os textos originais propostos pelo Comando.

Quanto aos adjetivos e frases atribuídas a mim quero mais uma vez ressaltar que são todas invenções, calúnias contra minha pessoa, para esconder o grave desrespeito ao Comando de Greve e a Assembléia. É uma velha prática que este partido, o PCdoB, de tradição stalinista, faz contra os lutadores que divergem de suas posições.


2. É importante ressaltar que quando se elegeram os nomes para a Comissão de Imprensa da greve o diretor João Raimundo “Kiko” se propôs a participar, mas jamais compareceu em qualquer reunião de fechamento do boletim. Ou seja, desrespeitou a assembléia e os demais membros da comissão. No entanto, era ele quem dirigia burocraticamente e de longe os textos do boletim como confessa a própria jornalista.

É parcialmente verdade o que afirmou em carta:

“É de conhecimento de todos que sempre que pode, Mario Bigode sobe ao plenário em Assembléia para reclamar do conteúdo do boletim. Critica a qualidade do material, a falta de “conteúdo agitativo”, o marasmo dos textos e que as informações sobre o Sintusp ou a greve de outras categorias são omitidas. Ressalta que, enquanto os outros sindicatos estão se mobilizando e trocando informações o boletim do STU não reflete esse momento. Diz que a falta vivacidade do movimento se dá pela falta de “conteúdo agitativo” nos boletins. Mesmo sendo membro da Comissão de Imprensa ele não perde a oportunidade de atacar os materiais de imprensa produzidos pela imprensa do STU, da qual sou
funcionária e colaboro para a produção.”

Quero frisar que sou da comissão apenas no momento de greve e reclamo insistentemente quando o conteúdo é mudado depois de ter sido acordado na comissão de imprensa e quando são publicadas matérias que nada tem a ver com a greve. Foi exatamente por criticar desta maneira o boletim do sindicato que os trabalhadores me indicaram para a comissão de imprensa. Ressaltando ainda que no período de greve nenhum trabalhador ou grupo político reclamou do conteúdo do boletim. Muito pelo contrário, elogiaram a fidelidade com que o boletim reportou as decisões do comando, que reflete a minha luta política. As reclamações que houveram foram sobre matérias introduzidas pela diretoria de conteúdos filiados ao PCdoB. Nas assembléias da greve reivindiquei mais de uma vez que os outros membros da comissão de impressa cumprissem o seu mandato e participasse dos fechamentos de boletins. Também cheguei a propor que a jornalista participasse das assembléias, pois problemas como este que estou relatando aqui são cotidianos.

3. Sobre a minha crítica ao Sindicato dos jornalistas, ela relata em sua carta:

“há pouco mais de 15 dias – antes de começar a reunião do Comando de Greve (no auditório do IFCH) – durante uma conversa informal sobre o papel do Sindicato, a importância e as dificuldades no processo de construção de uma greve, entre outros assuntos correlatos, falei que também era sindicalista – que era diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Ele disse em tom de deboche que o Sindicato dos Jornalistas tinha um bando de “pelego” e que eu era uma “peleguinha do Sindicato”. Disse ainda “seu sindicato não faz greve há décadas porque os diretores são todos puxa-saco da mídia elitista e burguesa, um bando de pelegos”. Agressão gratuita pura!”

Mais uma vez relato o fato verdadeiro: estávamos no corredor do IFCH esperando a reunião do comando e eu criticava que o comício ocorrido no Pacaembu era uma traição a greve, pois achava ser um absurdo fazer este comício eleitoral no meio da greve. O que ela me disse era que eu não deveria criticar isso pois deveria respeitá-la já que o sindicato dela era filiado a CUT. Eu retruquei dizendo que se era filiado a CUT, ele era governista, apoiando um governo que manda tropas para invadir o Haiti, tropas essas que estupram mulheres negras haitianas.


4. É fundamental seguir lutando contra a burocracia sindical e os governistas

O PCdoB é um partido anti-operário, burocrático e stalinista. Um partido que compõe um governo que vem, entre outros ataques, defendendo exaustivamente o fim do direito de greve, através do corte de salários. Para chegar a seus objetivos seguem com sua política de colaboração de classes. Por isso tenta fazer dos sindicatos que controlam como o STU, um aparato governista. Fingem lutar apenas para enganar e manter o controle. Mas no fundo, como demostrou sua nota contra o Sintusp, são aqueles que dentro do nosso movimento combatem os mais combativos e revolucionários.

Não possuem, na verdade, nenhuma solidariedade de classe, nem cultura de democracia operária. O método do PCdoB é a violência contra os opositores, com calúnias e difamações. O que fazem hoje contra mim é apenas um dos seus métodos de ataque à oposição. E não é de hoje! Muitos da Unicamp vão se lembrar que um militante da oposição a direção do STU, em 2004, foi processado pelos mesmos motivos que eu estou sendo acusado hoje. Quem abriu o processo? As jornalistas do sindicato!

É mentira e golpe, portanto, a denuncia leviana de que minha defesa intransigente da decisão do conjunto dos trabalhadores em greve possa ser considerada um caso de machismo ou discriminação de qualquer tipo. Acredito que cotidianamente é necessário lutar contra todas as pressões que existem na sociedade que podem levar os homens, mesmo os militantes e revolucionários, a terem atitudes opressivas com companheiras mulheres, e que nós reivindicamos essa tradição e estamos abertos a fazer qualquer debate nesse sentido. Entretanto, a verdadeira luta contra a opressão às mulheres, sobretudo negras, dentro da universidade é a luta contra a terceirização e pela incorporação dos terceirizados (em sua maioria mulheres e negras) sem a necessidade de concurso público, luta que não somente foi abandonada pela direção do STU como é diretamente boicotada, tendo sido a minha pessoa o principal pólo de resistência desta luta da mulher trabalhadora nos últimos anos.



Assim, chamo a todos que conhecem a minha história de militância e a minha pessoa a se solidarizarem em minha defesa, contra um golpe que o PCdoB quer dar sobre mim para desfocar a sua atuação criminosa na greve, como vem sendo prática em todos os anos.

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*Quem é Mario Martins “Bigode”:
Mario Martins, conhecido como Mario Bigode, é trabalhador da Unicamp desde de 1981. Durante os anos 1970 foi metalurgico e dirigente da greve de 1979 em Campinas. Na Unicamp sempre lutou em defesa dos funcionários, contra a reitoria e os governos. Há anos vem fazendo oposição a atual diretoria governista do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). Hoje milita nas fileiras da Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional.