quarta-feira, 23 de junho de 2010

Apoio de Mario Augusto Medeiros

Pelo Mário, sempre.

Recebi, nesta segunda-feira, mensagens do meu velho amigo Mário Martins, mais conhecido por todos como Mário Bigode. Pedia-me apoio, pois fora acusado de ser machista, racista, preconceituoso. Não acreditei. Li diversas vezes as mensagens, as explicações publicadas na internet. Continuo não acreditando.

Não tenho nenhum problema em afirmar que sou amigo, reconhecido como amigo (e me orgulho disso) de Mário Bigode. Há dez anos que nos conhecemos e nos encontramos. Trocamos ideias, discutimos - muitas vezes duramente - os assuntos mais variados. Nem sempre concordamos. Contudo, sempre nos respeitamos e continuamos amigos.

E eu que sou negro, autoreferenciado e indubitavelmente negro, receber uma carta afirmando que meu velho amigo seria racista é, no mínimo, chocante.

Mário Bigode sempre colocou em pauta, em todos esses anos que convivemos, a discussão sobre os trabalhadores no serviço público. Em particular, dos servidores públicos negros e negras, que entraram na Unicamp, por concurso, na década de 1980. Que compuseram os quadros mais variados do serviço na Universidade, especialmente no IFCH e no AEL (em que ele e eu atuamos). E que têm diminuído drasticamente, junto com o quadro dos funcionários mais geral da Universidade.

Mário Bigode foi quem me chamou atenção, muitos anos atrás, para a importância que tiveram os concursos públicos, décadas atrás, sem entrevistas, para a entrada de homens e mulheres negros na carreira do serviço público universitário. E da necessidade de defender, sempre, o serviço e concurso público, sem entrevistas, como forma de combate ao preconceito e discriminação étnico-raciais.

No Ael, onde se encontravam anos atrás o maior contingente de funcionários negros do IFCH, vi não poucas vezes Mário Bigode defender seus colegas e lutar com eles pela melhoria das condições de trabalho. A carta escrita e assinada por funcionários do IFCH, em sua defesa, não me deixa mentir.

Com ele discuti diversas vezes os mais diferentes aspectos da produção política e cultural negra no Brasil, por serem temas que nos interessam. Com ele aprendi muito sobre isso, especialmente por sua visão angulada do ponto dos trabalhadores, homens e mulheres anônimos, com quem conviveu. Negros, a maior parte, senão todos.

Acho que é desnecessário me alongar. Segue valendo o que o que escrevi sobre o Mário, meses atrás, em outro texto:

Com Mário Martins o debate é sempre franco, aberto, sem meandros, direto. Olho no Olho. Idéia com idéia, contra idéia outra idéia. Em voz alta, sem sussurros, sem modulação menor. Alguns dos seus interlocutores não concordam com o tom, melindram. Eu já discuti muitas vezes com meu xará. Já disse e ouvi coisas ásperas. E isso nunca me fez perder o respeito ou perder o seu respeito. Idéia com idéias, idéias contra idéias.
CONTRA UM TEXTO, OUTRO TEXTO. FRANCAMENTE. DIRETAMENTE. DEMOCRATICAMENTE.

Pelo Mário Martins, o Mário Bigode, Sempre.

Mário Augusto Medeiros da Silva (estudante de doutorado no IFCH).

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