terça-feira, 22 de junho de 2010

Nota do grupo de mulheres Pão e Rosas

Pão e Rosas Campinas em defesa do lutador Mário Bigode! Pela luta independente dos governos, patrões e da burocracia, contra toda forma de opressão!



Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas Campinas estamos presentes ativamente na luta da(o)s trabalhadora(e)s das universidades estaduais paulistas contra os ataques do governo do Estado através de seus reitores, em defesa do direito democrático de greve, pela isonomia salarial e neste momento travando uma grande luta pelo pagamento dos cortes de ponto na USP que deixaram mais de 1000 famílias sem salário no último mês. Construímos esta luta, pois partimos da compreensão de que toda luta contra a opressão é uma luta de toda a classe trabalhadora contra o sistema capitalista. A universidade expressa todas as contradições de classe do capitalismo, sendo uma delas a opressão às mulheres, assim como seu caráter elitista e racista. As opressões contra nós, mulheres, se manifestam desde as salas de aula com o silêncio sobre a história das mulheres, sobretudo as lutadoras, como também com os assédios morais contra estudantes e trabalhadoras, estupros e assédios sexuais dentro das universidades e moradias, falta de creches e moradias para mães estudantes continuarem seus estudos, assim como a opressão contra as mulheres negras terceirizadas, em cada canto desta universidade. Esta forma de trabalho usada pela burguesia e pela burocracia acadêmica para reduzir seus gastos às custas, principalmente do trabalho feminino, precariza e rebaixa os salários, com contratos temporários, condições humilhantes de trabalho, para dividir a classe trabalhadora enfraquecendo sua organização e luta contra os patrões e governos.


Nesta universidade (UNICAMP), a direção do sindicato dos trabalhadores (STU) dirigido pelo PCdoB, partido governista, que faz um discurso em defesa da(o)s trabalhadora(e)s terceirizada(o)s, vem mostrando na prática que é à favor da precarização, e não está disposta a levar adiante uma luta conseqüente pela efetivação sem concurso público dessa(e)s trabalhadora(e)s superexplorados e assim mostrando claramente ser contra a unidade das fileiras operárias. Além disso, não mede esforços para usar métodos sórdidos para condenar aqueles que se colocam em defesa dos setores mais explorados da sociedade. Na última assembléia de trabalhadores da UNICAMP no dia 21/06, o trabalhador Mário Martins de Lima, mas conhecido como Mário Bigode, foi atacado pela direção do sindicato, acusado de machismo e racismo, por conta do relato escrito pela jornalista contratada pelo sindicato, aonde acusava Mário de agressão verbal por ela não ter fechado o boletim com as questões votadas pelo comando de greve. Mário foi votado na assembléia pelos trabalhadores para compor a comissão de imprensa que elaborava os boletins diários da greve e sempre cumpriu as tarefas de seu mandato em nome do que era deliberado nas assembléias. Nós, presenciamos no decorrer desta assembléia, denúncias de machismo utilizadas pela burocracia sindical (PCdoB) para manipular de forma oportunista a real discussão política que encobrem a atuação burocrática do sindicato, virando as costas ao companheiro lutador enquanto ele discorria sobre a real discussão política, ou seja, a necessidade dos boletins expressarem o conteúdo da luta dos trabalhadores e da importância de ser defendida a democracia operária contra as manobras da burocracia sindical e respeitadas as decisões dos trabalhadores em assembléias.


Nós, mulheres trabalhadoras e estudantes que lutamos ao lado da classe trabalhadora, por entendermos que a luta contra a opressão das mulheres é uma luta do conjunto da classe trabalhadora contra o capitalismo, consideramos que os problemas contra a opressão devam ser debatidos pelo movimento dos trabalhadores, para que todos avancem entendendo-se como parte de uma mesma classe, para lutarem juntos, e que para isto sejam utilizados os métodos da democracia operária. Defendemos que os sindicatos devem ser instrumentos de luta dos trabalhadores contra toda forma de opressão e exploração e para isso temos que combater os métodos da burocracia sindical, que neste caso, se utilizaram de elementos do feminismo burguês, (que discute a questão das mulheres apenas no marco da opressão de gênero) denunciando como principal inimigo das mulheres seu companheiro de luta, contribuindo assim para a divisão entre os trabalhadores e o enfraquecimento de sua luta. As mulheres precisam se organizar de forma independente dos patrões, do governo e da burocracia, pois estes são freios para a organização das mulheres trabalhadoras, pois quando falam sobre a opressão é para se utilizar de forma oportunista criminalizando algum companheiro e não para travar um debate que possa fazer avançar o conjunto da classe trabalhadora e retomar sua unidade.


Mário sempre foi um lutador contra todas as formas de opressão defendendo as demandas das mulheres e do povo pobre negro oprimido, defendendo uma universidade à serviço da classe trabalhadora aberta para toda a juventude negra e pobre, e hoje é um dos que mais a luta contra a terceirização que explora principalmente as mulheres, em especial as negras, defendendo a efetivação de todas as trabalhadoras terceirizadas pela reitoria e burocracia acadêmica. Além disso, ao lado do grupo Pão e Rosas, que impulsiona a campanha “Somos as Negras do Haiti”, exige a retirada imediata das tropas brasileiras e da ONU do Haiti, lideradas pelo governo Lula (apoiado pelo PcdoB), lutando contra a violência e estupros cometidos pelas tropas contras as mulheres negras haitianas.


Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas nos colocamos ao lado do trabalhador Mário Martins repudiando ferrenhamente o método espurco da burocracia do sindicato para desmoralizar este lutador e toda a política defendida por ele! Nos colocamos ao lado de toda(o)s lutadora(e)s contra a precarização, por uma universidade pública, de qualidade e livre de qualquer forma de opressão!

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