quarta-feira, 30 de junho de 2010

Carta de Apoio ao Mário (IFCH)

Na assembléia de funcionários, realizada no dia 21/junho (2ª feira), fomos expectadores de uma das cenas mais vexatórias e deprimentes vistas no cenário político da Universidade nos últimos anos. O “nosso” sindicato que por diversas vezes se posicionou contra a continuidade da greve, desta vez conseguiu se superar: levou para a Assembléia, numa clara tentativa de desarticular o movimento grevista e de desmoralizar um de seus líderes, uma denúncia de racismo e de assédio moral contra a jornalista do STU. O Companheiro Mário Bigode foi acusado após discutir com a jornalista sobre questões aprovadas pelo comando de greve que deveriam constar do boletim do sindicato.

Mário Martins de Lima, conhecido como Mário Bigode (agora sem bigode) é uma das figuras mais conhecidas em toda a Unicamp, e ele se destaca não somente pela retidão do seu caráter, como também pela veemência e às vezes até pela intransigência com que defende as suas convicções. Quem conhece o Mário Bigode não consegue imaginá-lo discutindo política serena e moderadamente com quem quer que seja: Diretores de Unidade, Chefias Imediatas, grupos de estudo ou de trabalho, Diretores do sindicato ou jornalista do STU.

O Mário se caracteriza por falar alto e de forma incisiva e quando defende uma posição política o faz com tanta paixão e veemência, que muitas vezes sua determinação pode ser confundida com arrogância, mas, nem mesmo os seus mais ferozes inimigos políticos ousam acusá-lo de preconceituoso, machista e racista. Isto porque ele construiu uma história de vida pública dentro e fora da Unicamp. Uma história que não começou ontem. Uma história que é escrita todos os dias com atitudes concretas que falam muito mais alto do que qualquer denúncia vazia. Quem conhece o Mário, pode até não gostar dele, mas, com certeza todos reconhecem o seu caráter incorruptível e a sua determinação na luta contra a opressão e o desrespeito que os trabalhadores, independente de raça ou gênero, sofrem no cotidiano das relações de trabalhos.

Nós, funcionários do IFCH, que convivemos com o Mário diariamente conhecemos a retidão do seu caráter, assistimos a sua batalha diária, muitas vezes solitária, quase suicida, na luta contra o sucateamento do serviço público, na defesa de melhores condições de trabalho para todos, inclusive e principalmente para os terceirizados, que são vitimas de um sistema opressor, que visa o lucro em detrimento do humano. Com o Mário, seja nas greves ou nas nossas lutas do dia-a-dia, estamos aprendendo a defender com dignidade os nossos direitos, os nossos salários e também, a “nossa” Universidade, para que ela se mantenha pública, gratuita e de qualidade.

Ainda que, em alguns momentos, tenha passado por nossas cabeças se tanta luta valeria à pena, agora, acredito que, tanto o Mário como todos que o conhecem, podem dizer com absoluta certeza que sim, valeu a pena lutar. Lutar por um ideal, por um sonho de igualdade, pela verdade e pela justiça. Há momentos em que não importa tanto se a luta será vitoriosa ou não, o importante é lutar, se fazer ouvir, registrar a sua indignação e se manter íntegro, de cabeça erguida. Nós aprendemos isso com o Mário e agora chegou o momento do retorno, precisamos deixar muito claro que não será tão simples assim destruir com palavras e acusações a integridade de um homem que tem uma vida inteira construída com coragem e honestidade. Como seria possível acreditar que o Mário, a pessoa que incansavelmente nos ensina e nos oferece instrumentos de luta contra toda e qualquer forma de opressão, seja o protagonista de uma cena de assédio moral e de preconceito racial?

Por último, gostaria imensamente que a comissão de caráter educativo constituída na Assembléia para discutir o assunto possa nos ajudar a identificar, de forma clara e objetiva, a diferença entre uma situação onde a pessoa realmente foi vitima de racismo e/ou assédio moral, de outra, onde a pessoa está apenas se utilizando de um instrumento legal para evitar o desconforto e o constrangimento natural, que qualquer profissional no exercício da sua função, independente de sua raça, sexo, condição sexual ou religião, estará sujeito a enfrentar após apresentar um trabalho executado de forma inadequada.


CHRIS COM O APOIO DOS COMPANHEIROS DO IFCH (23/06/2010)

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